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Retratos em Branco e Preto
Por Ignez Ferraz
Black & White Portraits


Já havia escrito sobre esta dupla imbatível – o branco e preto – na DICA “Op Art Now!”, abordando moda e design, mas, com a seção Nostalgia do Festival do Rio, resolvi voltar à questão, e comentá-la sob o prisma das artes visuais.


Lembrei-me de como gosto dos filmes em B&P, realizados entre as décadas de 40 e 60, de diretores que posteriormente tornaram-se renomados e coloriram suas películas. Meus eleitos: “A jovem” e o “Anjo exterminador” do Buñuel; “Noites de Cabíria” do Fellini; “Ladrões de Bicicleta” do de Sica; “Stromboli” de outro neo-realista italiano, Rosselini; “O rosto” e “Persona” do Bergman; e, refletindo minha eterna paixão pelos orientais, “Rashomon” (além de “Yojimbo”, “Sanjuro”, “O anjo embriagado” e o engraçado “Os homens que pisaram a cauda do tigre” – vocês viram?) do Kurosawa. (Leiam “Gueixas de Hokusai” para melhor compreenderem os costumes orientais)



O curioso “Rashomon” de Kurosawa (1950, premiado em Veneza com o Leão de Ouro), é um puzzle clássico, onde a única verdade se encontra no olhar do narrador.
(Outro argumento similar é reeditado no belíssimo filme “Herói”, do diretor chinês Zhang Yimou - outro ídolo -, que, na direção oposta, pincela a tela com cores intensas)




Perfeccionista, participava de todas as etapas dos seus filmes, do roteiro aos desenhos dos sketchs, que serviam como base para o storyboard. Não por coincidência, antes de ser cineasta foi pintor, ilustrador e publicitário.


Mas agora, por mera coincidência, recebi esta semana um e-mail do arquiteto Angelo de Castro, um dos maiores e mais premiados perspectivistas mundiais (e por sorte meu amigo e colega de turma), que reside em Portugal (Cascais, uau!) há 18 anos. Na correspondência, louvava o B & P:


Estou lendo neste momento sobre a vida e as obras de Richard Neutra e Rudolf M. Schindler. É impressionante como são atuais e contemporâneas. Conceitos e idéias do início do século XX. Aqui na Europa, principalmente na Espanha, as casas seguem esta tendência. Assino há alguns anos a Revista “Arquitectura Y Diseño” - veja www.rbarevitas.es - onde podemos constatar isto.


Nos trabalhos publicados de Neutra e Schindler fico cada vez mais fascinado pela fotografia em preto e branco e por este motivo estou te enviando duas ilustrações do meu mais recente projeto em construção, uma delas com versão em preto e branco. Atenção!!! Não estou comparando o meu trabalho com os dois citados colegas, apesar de compartilhar das mesmas idéias.
Simplicidade, luz e transparência.

(Concordo, Gabriel!)



Não é linda?


Como somos do tempo do desenho à mão livre, estamos sempre em busca de enriquecer um programa 3D com a arte manual - aquarela, aerógrafo, ou lápis de cor. Aqui no escritório, por exemplo, utilizamos filmes em sketch up por ser o que mais se assemelha a um croqui.


Dentre os que ainda utilizam a técnica “antiga” - hoje tão (re)valorizada na Europa -, destacaria os desenhos do Zollinger, arquiteto-artista genial e “gente boa pra caramba”. Conheci-o num evento da “Feira Construir”, mas depois, infelizmente, tivemos pouco contato - que (in)direta esta, hein?


Neste encadeamento de idéias, percorri uma reflexão do cinema ao desenho. Que tal finalizarmos com a fotografia, síntese das duas abordagens? As fotos em B&P nunca saíram de moda, tanto que o ótimo fotógrafo Mario Cravo Neto expôs na também ótima Galeria Arte 21 um trabalho que vem desenvolvendo com o B&P há 30 anos.

Seu título não poderia ser mais apropriado: “O eterno agora”.



Na Moda, Richard Avedon foi um dos destaques, e sua mais famosa criação retrata uma elegante modelo entre dois big elephants. Vocês teriam coragem de pousar?


Mesmo com a ampla distribuição das digitais, o pessoal que admira mesmo uma boa foto adora a ausência da cor, pois o grande desafio está nos contrastes de luz, sombra e texturas, nas graduações dos acinzentados para obter um efeito dramatúrgico. (Conheçam o trabalho de pedras e terras de “Felizardo”, inserido neste contexto.)


Agora minha favorita:



Cara de um, focinho do outro. Avedon, too, of course!


Possuo no meu book alguns projetos de interiores com esta opção. Reproduzo aqui uma penteadeira da rouparia do casal, localizada no ambiente “Closet masculino” da Casa Cor. Comparem com a outra do porfolio e façam a sua escolha!



By Nana Moraes (vejam outro primor de foto na homenagem “Querido fotógrafo”).


Nota Maria: Não resisti e pedi um “espacinho” para a Ignez, porque não dá para ler este artigo e não lembrar – de quem mais? - da dupla imbatível CHICO e TOM!


“Vou colecionar mais um soneto,
outro retrato em branco e preto...”



E-mail emocionado do Zollinger:


Querida Ignez, saudações.
Venho te agradecer de coração as palavras tão simpáicas sobre mim e meu trabalho.
E te dar parabéns pela generosidade e desprendimento (em tempos de egos tão inflados e tanta competição personalista e desleal) de vir valorizar em público um colega por simples espírito de coleguismo.
Mais uma vez muito obrigado, um beijo do
Walter Zollinger
 
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